Quanto vale a natureza? Quanto custam os recursos e serviços que ela oferece à economia mundial e ao bem-estar das pessoas? Se o cálculo fosse possível, esse custo socioambiental poderia ser incluído nas análises de risco das organizações e na geração de negócios e produtos mais sustentáveis? Dando sequência ao raciocínio, esses produtos poderiam ser atrativos financeiramente para os clientes mesmo se os impactos positivos e negativos dos custos ambientais estivessem considerados em sua precificação?
Os desafios para responder a essas perguntas são muitos, mas a Natura segue empenhada em encontrar as respostas e consolidar uma gestão triple bottom line de seus negócios. Ao longo de 2014, a empresa deu início ao desenvolvimento de uma metodologia para a valoração das externalidades sociais e ambientais, próprias e de toda a cadeia de valor. “Queremos contribuir para a definição de uma nova régua para a economia, monetizando as externalidades socioambientais de toda a cadeia de valor para medir nosso impacto de maneira integrada”, explica Luciana Villa Nova, gerente de Sustentabilidade da Natura. “O que são indicadores de desempenho ambiental passarão a ser valores que interagem com os resultados financeiros da empresa”, completa. Com esses novos parâmetros econômicos, a expectativa é favorecer o desenvolvimento de negócios mais sustentáveis, demonstrando que, de fato, eles contribuem mais efetivamente para a economia e a sociedade.
Conduzido em parceria com uma consultoria especializada, o trabalho já mapeou a maior parte das externalidades ambientais geradas pela cadeia de valor da Natura. Além dos resíduos e das emissões de gases de efeito estufa, a empresa finaliza o estudo de sua pegada hídrica em 2015 (leia mais aqui) e está concluindo, com base em uma metodologia pioneira, a mensuração do uso da terra e do uso dos ativos da biodiversidade. O próximo passo será valorar essas externalidades e integrá-las ao modelo de gestão.
O projeto alimenta-se de todo o aprendizado acumulado pela Natura nos últimos anos. Desde 2010, ela engaja seus fornecedores no programa Cadeia de Suprimentos Sustentáveis, que considera critérios socioambientais na seleção dos parceiros e estrutura planos de desenvolvimento conjuntos. Também realizou um estudo para testar a metodologia TEEB (The Economic of Ecosystems and Biodiversity), coordenada pela ONG Conservação Internacional, na produção de óleo de palma (dendê) em sistemas agroflorestais (leia mais a seguir).
Em 2014, a Natura se tornou a única empresa da América Latina a participar de um projeto que ajudará a delinear um protocolo internacional para mensurar, em valor monetário, os impactos e as dependências ambientais ao longo de toda a cadeia de valor das empresas. Fomentado pelo Natural Capital Coalition e em execução por WBCSD (World Business Council for Sustainable Development) e IUCN (International Union for Conservation of Nature), o protocolo pretende dar suporte às tomadas de decisão das empresas, influenciando nas melhorias de seus produtos, na inovação da cadeia de valor, na exploração de novos negócios e na gestão de riscos. Também deve contribuir na elaboração de relatórios de desempenho, permitindo às organizações avaliar e melhor gerenciar suas interações diretas e indiretas com o capital natural.