Mudanças climáticas
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Programa de compensação tem novo edital

No final de 2014, a Natura lançou mais um edital para selecionar projetos de compensação das emissões de gases de efeito estufa do biênio 2014/2015. A chamada contempla projetos de reflorestamento, eficiência energética, substituição de combustíveis, tratamento de resíduos e REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação), entre outros.

O destaque dessa quinta edição foi a inclusão da categoria Projetos Especiais, que aposta em iniciativas que utilizam tecnologias inovadoras para a redução de emissões e que podem adotar novas práticas de verificação, além das existentes no mercado voluntário, desde que comprováveis. Também pela primeira vez, as inscrições foram realizadas em uma plataforma online.

Em paralelo ao lançamento do novo edital, tiveram sequência os projetos de compensação contemplados na chamada anterior. Entre eles está o Carbono Florestal Suruí, do povo Paiter Suruí/Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia e Mato Grosso. A Natura foi a primeira empresa brasileira a comprar créditos de carbono indígena, experiência que vem gerando importantes aprendizados para a companhia. Foram contratados 170 mil créditos de carbono, todos já entregues. Com os recursos repassados pela Natura, atualmente a comunidade trabalha na implementação das ações que serão desenvolvidas no escopo do plano de gestão de 50 anos da terra indígena.

Outro projeto em andamento envolve o tratamento de resíduos com 12 pequenos suinocultores de Santa Catarina (35 mil tCO2 e de créditos contratados, 12.474 tCO2 já entregues). Via um sistema de compostagem automatizado, é possível tratar dejetos animais na fase sólida, evitando emissões de metano e diminuindo significativamente os riscos de contaminação ambiental e de propagação de doenças e odores. O resultado do processo é um composto orgânico de qualidade, que pode ser utilizado na propriedade como adubo orgânico ou vendido, gerando renda adicional.

Na América Latina, já foram contratados dois projetos de restauração florestal, na Colômbia e no Peru. Também estão sendo analisados projetos do Chile, da Argentina e do México, além de novos projetos na Colômbia e no Peru.

Fogões ecológicos

Foi em uma passagem por Honduras e Nicarágua que Guilherme e Renata Valladares, da ONG Instituto Perene, encontraram algo que poderia melhorar a vida de seus conterrâneos, mais especificamente os moradores dos municípios de Maragogipe e São Felipe, no Recôncavo Baiano. Nessas comunidades, a maioria das casas possui fogão a lenha, prática ainda existente em várias partes do mundo que demanda um volume excessivo de madeira, provocando impactos significativos no meio ambiente, e cuja fumaça decorrente do processo de queima provoca graves problemas de saúde, especialmente em mulheres e crianças. Estima-se que, todos os anos, cerca de 4 milhões de pessoas morrem em decorrência de problemas relacionados à exposição à fumaça dos fogões a lenha.

Na América Central, Guilherme e Renata conheceram os chamados fogões ecológicos, com uma tecnologia que permite a utilização de uma quantidade menor de lenha, resultando na diminuição das emissões de CO2 e contribuindo também para a conservação das florestas. Os equipamentos utilizam uma câmara de combustão que possibilita um processo de queima da lenha com o mínimo de fumaça, expelida por meio de chaminé.

O projeto, que atende aos critérios da certificação Gold Standard do mercado de carbono voluntário, foi inscrito no programa de compensação de créditos de carbono da Natura (edital 2008) e estabeleceu a instalação de mil fogões. Cabe aos moradores comprar a areia, o cimento e os blocos de cerâmica necessários para a montagem da estrutura, enquanto o Instituto Perene disponibiliza todos os componentes técnicos e a mão de obra. A venda dos créditos de carbono para a Natura auxilia o instituto a financiar a construção dos fogões ecológicos.

Ao verificar os impactos positivos da iniciativa e seu potencial de abrangência, novos créditos de carbono foram contratados pela Natura em seu edital de compensação posterior (safra 2009/2010) para a instalação de outros 5 mil fogões, totalizando cerca de 6 mil famílias contempladas. “Há benefícios para todos os envolvidos. Usamos menos lenha, reduzimos as emissões, reduzimos os problemas respiratórios resultantes da exposição à fumaça e ajudamos os moradores a manter uma casa esteticamente mais bem cuidada e limpa. A iniciativa também reduz o tempo em que as pessoas, geralmente meninas e mulheres, dedicam-se à coleta de madeira, resíduos agrícolas e outras fontes de combustível. A cadeia de fornecimento dos fogões ecológicos ainda estimula oportunidades econômicas, fomentando a capacitação e a criação de empregos locais para a montagem do fogão. Todos ganham”, ressalta Guilherme ao apontar os impactos positivos da tecnologia, que é simples e tem baixo custo e fácil aplicabilidade.

Em 2015, a ONG comemora a entrega dos 6 mil fogões. A estimativa é que, em um período de dez anos, haja a redução de aproximadamente 108 mil toneladas de CO2e, o que equivaleria às emissões de um automóvel movido a gasolina após completar cerca de 18 mil voltas ao redor da Terra.

Desde o 1º edital:

23 projetos contratados (1.875.170 tCO2 de créditos) pela Natura.

33% dos créditos contratados vêm de projetos da Amazônia Legal.